terça-feira, 8 de setembro de 2009

Apresentação Palco Giratório *

O teatro foi introduzido no Brasil através do padre jesuíta Jose de Anchieta, que utilizou a capacidade de mobilização coletiva de representação e de pantomima como forma de superar a barreira comunicativa entre as línguas latinas e o tupi-guarani para viabilizar sua missão de catequizar povos indígenas.

Espalhando-se por todo o continente, o teatro expandiu também suas fronteiras temáticas, desvinculando-se da exclusiva filiação ao sagrado que o caracterizou em seus primórdios no Brasil - o teatro jesuítico - e construindo uma forte identidade com o profano.

No século XIX, já com os horizontes ampliados e personalidades importantes como o autor Martins Pena e o ator João Caetano, as manifestações cênicas proliferaram de norte a sul do país, e o pluralismo passou a ser uma marca dos muitos 'teatros brasileiros'.

Na década de 1950, o teatrólogo e paladino do teatro Paschoal Carlos Magno realizou, por iniciativa e recursos próprios, sete edições do Festival Nacional de Teatro de Estudantes, levando o teatro ao interior do Brasil.

Na década de 1970 e 80, o Projeto Mambembão, através do extinto Serviço Nacional de Teatro/STN, teve proposta inversa mas complementar: trazer aos grandes centros urbanos as produções realizadas inclusive nos lugares mais recôndigos do país.

Há onze anos - desde 1998 - a pluralidade do teatro brasileiro é celebrada e multiplicada sob a ótica caleidoscópica do Palco Giratório, um projeto nacional gerido pela rede do SESC que, a cada giro, reinventa os territórios físicos e imateriais da cultura brasileira aproximando eixos, desconstruindo fronteiras, apresentando ao Brasil os diferentes 'brasis' - dando de certa forma continuidade e intensificando as importantes ações de Paschoal Carlos Magno e do SNT.

Com o Palco Giratório celebramos o diverso, o avesso, o processo, com seus matizes de linguagens, técnicas, estéticas, poéticas; o treino do olhar, da escuta, da educação dos sentidos. Essa ação coletiva, alimentada pela adesão de crescente dos departamentos regionais do SESC em todo o Brasil, só se materializa - como o próprio fazer teatral e o fenômeno cênico em si - a partir da presença do outro, daquele que observa, assiste, participa. São milhares de pessoas que acompanham e participam desse palco Brasil afora, ou melhor: Brasil adentro.

A gestão compartilhada do projeto contribui para a construção de uma política de desenvolvimento, transformação, propagação e descentralização das artes cênicas no Brasil. Agentes - curadores/ gestores espalhados por todos os estados - estão atentos à diversidade das propostas de trabalho apresentadas que, integradas à rede de teatros do SESC - a maior da América Latina -, fazem a capilaridade de um dos diferenciais do projeto.

Em 2009, comemorando o seu décimo segundo ano, o Palco Giratório conta na sua programação com 16 grupos de várias regiões do Brasil, contemplando diversas linguagens cênicas. Nesta edição, espetáculos franceses participarão dentro do Ano França/ Brasil.

Ao todo, são 920 ações previstas ao longo do ano, entre apresentações oficinas, debates e intercâmbios. Uma proposta que vai além da simples circulação de espetáculos: veicula processos e pensamentos, distribui e capta conhecimentos.

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* Texto dos curadores

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